quinta-feira, 5 de maio de 2011

A VONTADE É LIVRE E O PAU É CERTO NO REINO DOS DEFORMADOS


(Prof. Porfírio J. Neves)

A realidade não é triste, triste é não saber encarar a realidade. Triste é não querer conhecer a razão de ser de todas as coisas. Então, vamos nos conhecer!? Sim, porque conhecendo a razão de todas as coisas, vamos acabar conhecendo a razão de nós mesmos.
Já faz muito tempo que ouvimos falar e também falamos de um novo tempo de uma nova era e novas formas de viver, enfim. Cada qual enxergando essas coisas ao seu modo, de acordo com o seu modo de entendimento, o que não podia ser diferente.
E depois de algum tempo de observação começamos a perceber que há uma coisa comum a todas as formas de pensar, ou formas de entendimento, já que cada um tem a sua.
E qual ou quais são as características comuns de tão diversas formas de enxergar a realidade?
Podemos nos referir a estas coisas comuns como sendo os princípios básicos da vida.
Portanto, uma característica comum, certamente a principal, é a liberdade. Todos tentam enxergar as coisas ao seu modo, não importa qual seja, mas todos têm em comum o senso da liberdade. É com o senso de liberdade que buscamos agir de forma independente: todos buscam a sua independência, embora a realidade nos prove que nem sempre é possível. É com o senso de liberdade que nesta ação de buscar a independência todos querem realizar
as suas vontades.
Perceberam os três princípios? A independência nasce da vontade, com base na liberdade.
Liberdade, independência, vontade, portanto, são princípios comuns a todos os seres. A busca da independência independe de quem ou onde se está, no ocidente ou no oriente, ou em que classe de vida está; se é crente ou se não crê; se é instruído nas academias ou instruído na escola da vida.
Aí está a realidade para se comprovar que estes princípios sempre foram preponderantes na história da humanidade, porém, muito mais pronunciados na fase atual, a Fase Racional do desenvolvimento da Natureza, da humanidade e da vida.
Este é o foco principal da nossa análise racional: é buscar fazer compreender que a Natureza está em desenvolvimento de uma nova fase de entendimentos, que a Fase agora é Racional, querendo dizer, fase de ligação com a origem, porque toda a origem, por definição, é racional, querendo dizer que tudo tem a sua razão de ser – razão de ser é o mesmo que dizer racional.
Cabe aqui uma rápida explicação da palavra racional. Usamos o adjetivo racional, razão de ser de todas as coisas, como substantivo RACIONAL para conceituar ou dar nome à substância original de todas as coisas, que, verdadeiramente, esta substância não tem nome.
Mas, na linguagem do pensamento damos o nome de Deus e na linguagem da Fase Racional, damos o nome de Racional Superior. Mas, o nome é secundário; o que vale mesmo é o sentido ou o sentimento.
E você já parou para analisar o sentido abrangente do que quer dizer vontade? Se a vontade não fosse livre não seria vontade! E o que dizer da vontade de ser livre, vontade de se libertar? É o mesmo que dizer que está buscando uma independência. A vontade de ser livre é a vontade de busca da independência de algo que nos oprime, incomoda ou precisa ser melhorado, por a vontade ser livre. E é por isso que todos no mundo, de um modo geral estão lutando para alcançar uma forma de independência: tanto em nível político, social ou psicológico.
Em nível psicológico, por exemplo, buscamos nos libertar dos vícios negativos e maus hábitos que nos prejudicam. Em nível político, até os povos do oriente, historicamente submissos, estão buscando sua independência. Em nível social, os jovens estudam e se preparam para não dependerem de quem os mantém.
E assim podemos compreender que existe a vontade, força motora de nossos atos, que se baseia na liberdade, quando buscamos a independência, o aprimoramento, ou qualquer outra busca na vida.
Liberdade é uma razão superior! E a vontade é livre! A vontade é, portanto, soberana!
Estes princípios é que garantem a existência de todos os demais princípios que organizam e mantém a vida. Podemos dizer que estes são os princípios pétreos da existência de tudo que existe.
A vontade é livre e, nesta liberdade, compreendemos que podemos ter vontade de qualquer coisa. A vontade é livre, quer dizer que podemos ter vontade de qualquer coisa em qualquer sentido.
Naturalmente, existem vontades justas e necessárias e existem vontades absurdas e desnecessárias e ainda existem as vontades monstruosas; tudo isso, por a vontade ser livre.
As vontades que se manifestam em cada um de nós são decorrente daquilo que somos ou que fazemos; as vontades são conseqüentes de atos ou situações já vividas, situações que já foram experimentadas.
Ora, podem alguns dizer, se a vontade é conseqüência de situações já vividas, então ela não é livre porque depende de algo ocorrido ou observado; como é o caso da vontade que
nasce dos gostos, das manias e das vontades. Manias, gostos e vontades nascem do que foi vivido ou experimentado. Mesmo assim, a vontade é livre, porque vale aí o princípio de que a vontade é coisa que dá e passa. Se dá e passa está livre dela e ela permanece livre para dar e passar.
A vontade é livre, mesmo quando é provocada por qualquer situação ou estado de ser.
Realizar a vontade ou não é onde reside o princípio da independência. Compreenderam? O
princípio da independência é que garante a realização da vontade ou das vontades. Mas a vontade continua livre e, por ser livre, a vontade dá e passa. Quem é independente domina as vontades: boas ou más.
As vontades de um adolescente, as vontades de um adulto, as vontades de uma criança, enfim, em cada fase da vida as vontades se manifestam diferenciadas pela condição de ser e, naturalmente, produzindo conseqüências relativas a esse estado. Numa criança, a vontade de comer um doce inadequado pode causar uma diarréia, já num idoso, comer
um doce pode conduzi-lo à morte por hiperglicemia. A conseqüência da vontade também é diferente em cada situação.
Se compreendermos bem que as vontades são de acordo com a nossa fase existencial e as conseqüências proporcionais a essa fase existencial, então poderemos deduzir, racionalmente, com base na lei de causa e efeito, que a humanidade antes de existir da forma que existe já existia de uma outra forma e que houve uma vontade para isso acontecer.
Antes de nascermos nesta vida material existimos como um pingo d’água e, pela vontade do procriador passamos a existir como ser humano. Procriador é aquele que tem delegada a ação de criar. A vontade na verdade é do criador. Mas, o procriador teve a liberdade de criar ou não; a vontade é coisa que dá e passa.
Percebam que, em tudo que existe está manifesta uma vontade, em diferentes níveis de grandeza, desde a vontade do Criador primitivo até à vontade objetiva que se manifesta neste estado de aparências da vida material. Mas, em todos os níveis, a vontade é livre. É como dizer que o livre arbítrio existe de forma diferenciada de acordo com a classe de vida.
A grande questão, portanto, que nos compete ressaltar, é esclarecer que o Criador primitivo de todas as coisas quando é um Criador puro limpo e perfeito só dá conseqüência a coisas perfeitas. Um puro limpo e perfeito somente cria coisas puras limpas e perfeitas. Por outro lado quando o Criador primitivo é um ser deformado só pode criar coisas deformadas semelhantes a si mesmo.
Essa é a lógica da realidade da vida, em qualquer instância de análise. O bom só pratica o bem e o mau só pratica o mal. Quando um bom passa a praticar o mal, antes de praticar, o bom se enfraquece e passa a ser mau. O ser mau é um ser bom que enfraqueceu, ou perdeu virtudes.
Portanto, se somos deformados e feitos à semelhança de Deus, é verídico, este criador também é deformado; porque deixou de ser Deus puro limpo e perfeito primeiro para depois criar. Portanto, a vontade de um deformado cria coisas deformadas e a vontade de um puro limpo e perfeito cria coisas puras limpas e perfeitas. E qual é a vontade de um puro limpo e perfeito? É o AMOR!
Este é um resumo lógico para construir dentro de cada um de nós o senso justo e correto da existência do mundo da forma que o mundo está. Se está desta forma, certamente houve uma vontade manifesta para estar assim, mas não podemos atribuir a criação deste mundo a um ser puro limpo e perfeito e sim a um SER em estado de deformação, mesmo que no princípio desta manifestação de vontade houvesse um grande potencial DIVINO, mas certamente, este potencial divino já vinha se degenerando e se transformando para uma deformação.
É por isso que vivemos dentro de uma deformação, do bem e do mal, que foi criada pela vontade de uns tantos habitantes do Mundo Racional, que no seu estado primitivo tinham a natureza de puros limpos e perfeitos e, por vontade própria, por serem independentes e no uso da liberdade consciente, que é uma razão superior, esses tantos seres divinos, enfraqueceram pela perda de virtudes e se deformaram dentro de suas próprias virtudes,
passando então por transformações que os conduziram à criação deste mundo, na condição de seres deformados. Mas, querendo aprimorar, como até hoje, todos querem se aprimorar e melhorar – essa é a permanente vontade do criador deformado.
Repito e volto a insistir, a criação deste mundo, que é um mundo deformado, só podia ser feita por seres deformados, nunca pela vontade divina de um suposto criador puro limpo e perfeito, onisciente, onipotente e onipresente.
Essa foi a idéia mal formada pelos seres deformados deste mundo, com base nos ensinamentos divinos que estavam tão verídicos e que foram deturpados pela vontade de alguns atrasados e enfraquecidos. Diga-se de passagem, maus para a humanidade e para si mesmos.
E afinal, existe o ser puro limpo e perfeito, divino? Sim! Essa é a revelação do Universo em Desencanto. Naturalmente, esse modo de ser puro limpo e perfeito continua no seu estado de pureza construindo mundos perfeitos, semelhantes a si mesmos. Como nos diz o Racional Superior deste mundo deformado: os habitantes do Mundo Racional que lá ficaram continuam com o seu progresso de pureza, enquanto uns tantos ainda continuam aqui com
este progresso de deformação.
Esta é uma síntese universal da maior justificação existencial da humanidade! A vontade é livre! E o pau é certo no reino dos deformados.
Saiba mais e muito mais, lendo e estudando com atenção o livro Universo em Desencanto.
Rádio Tropical 830 AM - RJ - 15/04/2011
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