terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A ESTÓRIA DE “JUCA NÃO SABIA”


(Colaboração anônima)

UNIVERSO EM DESENCANTO, CULTURA RACIONAL. Conto inspirado no Conhecimento Racional dos Livros.

A estória

de

Juca Não Sabia


Um conto Racional composto em maio de 1995, oferecido a todos os “Juca Não Sabia” que um dia encontrarão “Alguém” na praça de seus corações e iniciarão seu trabalho Racional!

1

Quem és Tu?

A grande metrópole se arvora no caminhar das multidões, do povo, das pessoas de variadas origens, modos, culturas…. Como não escutar tantas imagens que se sucedem a todo instante?… Negócios, esportes, conversas, política, discussões, passeios, grandes acumulações de pessoas… Edifícios altíssimos onde combatem e desfilam crianças, adultos, velhos, negros, pardos, amarelos, brancos…
E como não indagar sobre as causas?… Os porquês de tudo?…
Os personagens deste cenário, os pássaros que por aqui passam, compõem um ritual global sem sentido definido, impreciso, numa desgastante luta por metas duvidosas quase nunca alcançadas.
Mas, ao final, por inspiração da mensagem divina, o ser humano caminha em direção ao futuro… para recolher suas partículas, sementes dos sete fluídos para retornar à sua morada Racional!
Permita-me lembrar-te da mensagem primordial do Mestre para que reflitas mais uma vez:
“Quem és Tu, que a ilusão é tanta, que és incapaz de definir o teu Eu?
Sabeis vós que sois uns corpos imprudentes, no abismo de dia para dia, ambicionando tudo quanto é de material, por grande obscuridade do espírito?
Para que lutas toda a vida? Debalde serão todos os sacrifícios nessas condições. Enquanto arder a chaga das trevas o RACIOCÍNIO encontrará dificuldades para libertar-se durante este livre arbítrio, que dá expansão a todas as vontades, pela facilidade que Deus vos dá, perdurando a confusão, extraviando-se do direito e adquirindo todos os defeitos trucidantes, capazes de, por vossas próprias mãos, sucumbirem antes do dia!…
Uma humanidade sem consolo, por não encontrar o apoio, que já é chegado há tempos…
E eis aqui a extrema esfera dessas rudes capacidades, que pelo orgulho, pela lucidez de embriagados convencidos, tombam no desenrolar deste mundo para outro, satíricos e fatídicos de hediondas observações que implantaram pelo seu pulso de vaidade. Englobados na intelectualidade sucumbem no Verzum de Saturno, que colaboraram, em um tempo sem proveito.
Então, que adianta este saber sem Deus? ”

2

Encontro na praça

Era uma dessas manhãs de domingo numa grande cidade. Juca Não Sabia foi passear na praça central da sua cidade e sentou-se lendo seu jornal, com ar pouco otimista. Juca Não Sabia era simplório, mas tinha o dom de sentir seu ambiente e sempre buscar respostas para suas perguntas. Estava calmo, porém um pouco tristonho, talvez preocupado com a situação sua e de tanta gente.
Foi quando Alguém se aproximou, sentando-se calmamente ao lado de Juca, que, simples como sempre, aproveitou para iniciar um diálogo. O forte ruído da movimentação do tráfego, das conversas ao fundo, das buzinas e comerciantes, pareceu recolher-se um pouco para ouvir.
– Puxa!… Do jeito que a vida vai… a gente não sabe mais no que acreditar!… E nem para que se vive!… – Disse Juca, enquanto Alguém observava quieto.
– São tantas dificuldades, tantas pessoas brigando, religiões, facções, guerras, necessidades… gente sofrendo… e os gananciosos querendo cada vez mais para si próprios, indiferentes a todos!
– Posso lhe dar uma dica? – Arriscou Alguém – Você precisa aprender a ler no Livro da Vida! Você precisa conhecer o UNIVERSO EM DESENCANTO!
– Universo em Desencanto? O que é isso? – Perguntou Juca.
– Ora, o Livro da Vida é uma obra extra cósmica que revela quem somos, de onde viemos e para onde vamos!… Desenvolve uma parte do ser humano que há muito estava paralisada, a glândula principal do corpo, a glândula pineal!…
E continuou:
– Sem frequentar cultos, igrejas, sinagogas, dentro de seu lar, lendo e relendo UNIVERSO EM DESENCANTO você adquire um equilíbrio nunca visto, físico, moral e financeiro!
Juca não sabia o que pensar. A primeira reação foi de espanto, porém sentiu algo diferente, uma certa autoridade naquelas palavras, uma forma a que não estava acostumado e isto lhe despertava curiosidade e atração pelo assunto, como se quisera há muito estar ouvindo aquelas explicações.
Alguém continuava a falar, calmamente, como que sabendo exatamente a impressão e o resultado de suas palavras em Juca:
– O Mundo Superior, através das brilhantes mensagens do Livro, transmite o “fluido Racional” e você começa a melhorar em tudo e por tudo!
Juca Não Sabia queria dizer algo. Na tentativa de não ficar somente ouvindo, o máximo que expressou foi um:
– Puxa! Eu não sabia!
Alguém prosseguia, com muita segurança:
– De posse do fluido Racional a pessoa alcança a Imunização Racional, ficando ligada ao seu Mundo verdadeiro, e então recebendo tudo que precisa para seu equilíbrio: paz, saúde e tranquilidade. Aí então é que a pessoa encontra a verdadeira felicidade!…
Sem dizer mais nada, Alguém se ergueu calmamente. Fez um movimento com as mãos e logo um cenário diferente substituiu a praça.
Juca Não Sabia, ali mesmo, caiu em sono profundo… E sonhou…

3

Sonho Verdadeiro

Juca Não Sabia sonhou que estava em um mundo cheio de brilho e luz! Havia paz e harmonia! Ele e seus irmãos passeavam e não tinham braços, nem pernas e nem cabeça! Seus corpos eram pequenas bolas prateadas e eles podiam se deslocar para qualquer ponto daquele mundo onde viviam e eram plenamente livres e felizes!
E um dia, Ele e alguns de seus irmãos encontraram uma parte diferente naquele Mundo e ficaram curiosos, porque não a conheciam! Mas quando entraram ali para passear, seu Pai, com amor e carinho os advertiu. E eles retornaram!
Mas, outra vez, entraram mais adiante e tudo começou a ficar diferente!… Foram andando por uma estrada espiralada que descia lentamente. E repararam que o brilho ao seu redor foi ficando amarelado, dourado, mais esverdeado, azulado, alaranjado…!
Seu Mundo de origem se distanciara deles e já não podiam retornar! Por isso resolveram conhecer o que existia pela frente e, nesse sonho, eles passeavam nessas novas paragens, cheias de encantamento e de uma energia diferente chamada menesaromo!
E muito tempo passou! Observavam as fagulhas de energia que iam preenchendo aquele espaço que se formava!
De vez em quando, Ele e seus irmãos gostavam de brincar de galáxia! Escolhiam um ponto no espaço e ali se reuniam com as essências da resina e da goma e começavam a girar, até formar um redemoinho brilhante, de braços espiralados. E cada um deles deixava ali um pequeno ponto brilhante!
Um deles disse que eles estavam fazendo coisas “de outra forma”, e que “de outra forma” queria dizer “deformado”!
E assim se passou um tempo enorme e notaram que sobre eles havia se formando um foco prateado e que eles estavam ficando menorzinhos. Mais tarde, notaram outro foco de luz mais pálido e muitos pequenos focos, e todos se ligavam aos seus corpos por cordões prateados muito finos!
E foi quando mais tarde, depois de um sono profundo, de um cansaço que sentiram pela primeira vez, em seu sonho, eles já não eram ovais, porém desajeitados e grudados naquela espécie de goma e brincavam de fazer ruídos, porém muito esquecidos de seu Mundo.
Passaram muito tempo conhecendo aquele lugar que formaram. E muitos seres se repartiram e muitas modificações aconteceram. Houve alguns que ficaram nas paragens mais acima, porquê já tinham se cansado do passeio.
Mas Juca continuou com mais alguns de seus irmãos e já eram peludos, carrancudos, e sentiam pela primeira vez o sabor do frio, da fome e da dor! Conheceram o que era o sofrimento e a morte!
Quanto tempo mais continuaram Juca não sabia! Mas quando um cenário de uma energia formada por sete raios se abriu, ele soube que aquele segundo mundo estava pronto! E suas vidas eram de encanto, de luta e de sofrimento!
E foi assim que, cansado daquela longa viagem em seu sonho, ele parou para descansar sob uma árvore e sentiu uma saudade imensa de um lugar do qual não conseguir mais se lembrar.
Suplicou então ao Dono de Tudo que o levasse de volta para de onde tinha saído!
E ouvindo um zumbido, acordou!…
De repente, tudo voltara ao normal. A mesma praça e aquela pessoa ao seu lado, olhando calmamente para um ponto no céu, onde brilhava uma luz prateada.
E então, Alguém disse:
“- Juca, a vida é de sonhos e ilusões! Basta a vida ser um sonho para ser passageira!  Tudo é bom, tudo é belo e nada vale! Tudo é bom e verdadeiramente tudo ao contrário! Se não estivessem sonhando não morreriam! Porquê? Porque quem sonha não sabe o que está fazendo, e só depois que acorda é que dá pelo sonho”…”

4

As sete sementes

Mal havia se recobrado da interessante experiência que passara, que apenas lhe pareceram alguns segundos, e Juca viu um reflexo prateado partir daquele ponto do céu. Dentro da luz, uma voz se dirigiu a ele:
– Acorda! Chega deste sono de pedra!
– Quem é você? – Perguntou Juca, entre surpreso e atento.
– Quando souberes quem és, saberás quem Sou! – Ouviu do ser que se apresentava sob a forma de luz.
– De onde você veio? – Insistiu Juca.
– Quando souberes de onde viestes, saberás de onde vim! – Respondeu a luz.
Juca hesitava um pouco. A situação era incomum. Ali no meio daquela praça ele travava um diálogo com um ser diferente, e ninguém percebia o que se passava. Na verdade, sentia-se bastante à vontade e nada parecia lhe incomodar. De forma que lhe pareceu lógico continuar o diálogo perguntando o porquê de tudo aquilo.
– Porquê estás aqui? – Perguntou Juca.
Aquele Ser, transmitindo uma energia tranquila e tonificante, respondeu:
– Quando conheceres a causa deste mundo e de teu corpo de matéria, saberás porquê estou aqui!
– E como vou saber de tudo isto, se até hoje ninguém respondeu a estas perguntas que há muito vem sendo feitas?
E o Ser respondeu:
– Além do conhecimento humano se mantiveram estas respostas, mas tudo chega a seu tempo, e o tempo chegou, pois que o mundo entra agora na sua última fase! Uma fase há muito anunciada por astrólogos e sábios como a Era de Aquarius! Nesta fase, a humanidade vai conhecer tudo o que o conhecimento humano não teve condições de responder e chamou de fenômenos. A CULTURA RACIONAL é um presente do MUNDO RACIONAL através da Natureza! É hora de toda a humanidade saber que a fase do pensamento terminou e que estamos na fase do raciocínio, que é saber quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Juca começava a se sentir confuso. Não sentia medo algum, apenas uma vontade de prosseguir para saber tudo o que aquele Ser tinha para lhe dizer. Quando sentiu mais coragem disse:
– O mundo já vem de veteranas eras e longos séculos e a humanidade vivendo de sonhos e esperanças, sem saber nada de certo. Como acalmar a dor e o sofrimento? Terá a solução chegado? E por que não há mais tempo? Depois de tanto sofrimento que muitos nem aguentam mais viver, chega um conhecimento para eliminar os males da vida?
Ao que aquele Ser explicou:
– Assim é o ser humano. Quando não conhece um assunto faz um bicho de sete cabeças. Por que ele só conhece e entende de imediato aquilo que faz parte de seu conhecimento. Quando não conhece, faz confusão e dá opiniões erradas, sem antes procurar conhecer para saber o que está falando. A humanidade tinha que passar por todo esse sofrimento porque era preciso ser preparada, lapidada, para quando chegasse o tempo de desenvolver uma energia superior, diferente, há muito esquecida, que significa o desenvolvimento do raciocínio! Saber o que é raciocinar e parar de pensar!
E continuou:
– Existem muitos que com meia dúzia de palavras já entendem tudo. Mas tem outros que nem explicando repetidas vezes entendem. Então precisava uma forma de gravar todas essas mensagens através de uma grande obra. Este conhecimento é Universal, para todos, do mais simples ao mais letrado, numa linguagem popular para todos entenderem.
– Este livro esclarece o que é a natureza deste mundo e vai mais além. Ele diz que a Natureza é uma Vida dividida em sete partes, sete sementes, que compõem este mundo, e das quais dependemos para viver. Ninguém até hoje definiu com base e com lógica, a não ser fazendo suposições e deixando tudo mais confuso.
Juca passava a se sentir muito bem, revigorado, mais completo, como nunca se sentira antes. A lógica e precisão daquelas palavras ecoavam em seus ouvidos e refletiam em seu peito.
Nesse momento um raio de energia amarelo ouro se projetou desde aquela nave no espaço, formando um foco que se materializou em um ser deslumbrante que se apresentou a Juca.
– Sou parte de ti, sou o Sol. Assim te alimento fazendo meu giro diário para brindar também teus irmãos. Pois todos dependem de mim para viver, da vida provinda das virtudes perdidas.
– Por que você faz parte da minha vida? – Perguntou Juca.
E o Sol respondeu:
– Saíram de seu Mundo de origem fazendo uso do livre arbítrio. Quando entraram na parte da Planície Racional que não estava pronta para o progresso, deram início à minha formação pelo acúmulo das virtudes que perderam. E quando acumulei grande parte dessas virtudes, passei de um foco de luz a um braseiro que esquentava aquela parte da Planície. Por isso me chamam de astro rei, de princípio da criação. Quando retornares ao teu Natural, de mim recolherás tua partícula!
Logo em seguida um raio prateado se projetou bem à frente de Juca, e de uma tênue nuvem de vapor formou-se um Ser feminino que foi logo dizendo:
– Sou parte de ti, sou a Lua. Fui formada pelas essências da água e da resina e pelo que restou dos corpos dos Racionais. Por isso me chamam de tua alma, tua parte inconsciente. Estou nos teus sonhos porque velo brilhante durante a noite e minha luz te faz imaginar, pois sou um espelho mágico cheia de magnetismo.
Juca Não Sabia perguntou:
– Porquê a minha vida depende de ti?
– Porque tenho a função de regular as cargas elétricas e magnéticas. E assim, faço meus quartos, carregando e descarregando. Sou o leme do teu barco. E se te alimento a alma e os sonhos, te faço saber que existe uma vida diferente. E se tu sentes meus efeitos aprendes a conhecer minha energia. Quando retornares ao teu Natural, de mim terás recolhido tua partícula de Lua!
 E as lições continuavam. Juca se sentia leve, elevado, satisfeito, atento… e outra vez, do espaço a nave prateada emitiu mais um brilho intenso e um raio de luz cristalino chegou até bem perto de Juca. Várias jovens se apresentaram repetindo o mesmo ritual:
– Somos parte de ti, somos as Estrelas. Do cosmo te vigiamos e traçamos um caminho nas palmas de tuas mãos para percorreres com dignidade. Somos assim como um diminuto ponteiro dos segundos que marca a variação de cada fração de tempo. Quanto retornares ao teu mundo Racional de nós levarás tua partícula das Estrelas!
Agora outro feixe azulado dava forma a mais uma presença:
– Sou parte de ti, sou a Água. Sou a transformação da Planície que o Sol esquentou. Saibas que naquele tempo juntamente com minha irmã Terra fomos formadas, da resina e da goma da Planície transformadas. Aquela goma fina, que cada vez mais fina se tornava, um líquido indispensável representa para ti. Sem mim tudo morre, para te provar que sem tua base de origem nada és. E de um pingo d’água viestes formado. Quando formares teu corpo verdadeiro de mim terás recolhido tua partícula!
Desta vez, um raio alaranjado trouxe consigo mais um companheiro que se apresentava a Juca e explicava:
– Sou parte de ti também. Sou a Terra. Minha missão foi gerar-te e proteger-te. Como grande encubadeira permaneço estática para te dar força e formação. Alimentar a todos é minha intenção e por isso todo trabalho é minha vocação.
E continuou:
– E se desejas saber mais de minha formação, te digo então: resina que saiu da Planície, torrada pela ação do Sol, cinza que me tornei Terra. Sou a mãe de criação dos seres que vivem comigo a quem jamais esqueço. Quando deixas teu corpo eu o recebo e vejo transformar-se em outras vidas do ciclo vital. Quando retornares ao Mundo Racional tua semente não mais deterei e essa partícula te acompanhará!
Juca a tudo acompanhava extasiado. O fato de ouvir as explicações lhe dava intensa satisfação e lhe preenchia de amor pelo Natural e pela Natureza.
Outro raio de cor rosa projetou-se daquela nave que continuava a brilhar intensamente no céu. O Ser que trazia se apresentou:
– Somos parte um do outro, sou o Reino Animal.
– Diga-me então por que tenho esta forma? – Perguntou Juca.
– Minha história e a tua se iniciam num momento em que a cinza procurou seu aperfeiçoamento. Gerei deste chão e com modificações, sobrevim ao tempo e às novas gerações. Gigantescos, infernais, fortes e primordiais, assim também formei a todos os irracionais. Mas da massa cósmica da quarta eternidade lhe trouxe uma classe de superioridade.
E continuou:
– E assim se concluíram duas classes nestes tempos, para a preparação destes novos elementos. Quando daqui te retirares, e minha causa levares, a partícula deste reino também te acompanhará.
Finalmente, uma energia esverdeada invadiu o cenário e seu habitante declarou:
– Sou parte de ti, sou o Reino Vegetal. Não te iludas, pois, te digo que sem nós pobre de ti. Faço parte desta vida e de mim tu dependeis. Sou tua saúde e teu bem, teu fôlego salutar, viver sem mim não podeis. Quiçá talvez nem respireis. Minha flora tem remédios que não se pode imaginar, que nem cultos ou cientistas já puderam pesquisar. Pois sou uma parte importante de ti próprio.  E quem mais a ti conhece do que a seiva que te ampara? Sois assim, uma espécie muito rara: enquanto dependeis de mim, eu de ti muito pouco. Mas quando estiveres de retorno, ao teu Mundo voltando, levarás meu reconhecimento: uma flor racional vai se abrir em tua fronte em testemunho deste acontecimento. As flores são um sinal da Natureza para que vivas florindo no conhecer o seu verdadeiro estado natural.
E assim, as sete sementes se uniram numa luza branca prateada e brilhante formando uma grande estrela de sete pontas que retornou ao seu ponto de origem.
Juca Não Sabia se sentia bem como nunca. Agora podia dizer que começava a se conhecer! A conhecer seu Natural e a Natureza!
Num agradecimento, Juca levantou seus olhos e disse:
– Natureza! Sei que és Vida, mãe de todas as Vidas, a dona de todos os feitos, que durante muito tempo nos preparaste para reconhecer-te. Quero saber mais, quero saber tudo. Quero meu desenvolvimento Racional. Quem sou, de onde vim e para onde vou. E por isso veja esta luz brilhante a comprovar teu nome.
E completou emocionado:
– Este mundo é consequência de outro Mundo Superior e surgiu por transformações. Se a minha vida de matéria existe é resultado de uma transformação de outra vida de energia. Tudo assim se transformou do seu estado natural para esta deformação material, até que volte a ser o que antes foi: Energia pura, limpa e perfeita!
– Por isso agradeço a ti, Natureza, a mãe maior de tudo, a Vida que fez todas as vidas e que fez tudo para manter o que fez. Por me preparar, me lapidar, me ensinar. Sem você não chegaria aonde estou!

5

Em contato com a paz

Juca deixava fluir em si os sentimentos, ali, a cuidar de algo que não podia delinear, mas que lhe fazia mergulhar, sentir, respirar…. Onde iria naquela morna manhã de verão? Talvez buscar em alguma parte de si aquilo que Alguém soube revelar e que agora sentia. Sentia um calor e afago, um misto de sinceridade e prazer. Sentia um momento eterno porque pleno, justo, de intenso entendimento, ajuste, carinho, amor puro e cristalino. Um sonho que não se acorda. Prazer.
Aprendera a viver. A paz crescia quando assim podia olhar, refletir. Em uma direção. Do alto Alguém parecia lembrar-lhe: persistir, crescer, aprender… contemplar… A que tanto já sabia que necessitava estar contemplando, emergindo, não mais contornos para se preservar, preservar seu verde interior não poluído. Ou poluir-se de uma fumaça de ervas vaporosas. Incenso. Respeitar, respirar a música de uma vida irmã… e despertar todos seus irmãos, seria sua missão!
Quando se cria não se descreve a criação, que ela por si se define. Não mais se envolvia em tentáculos de perguntas. Não podia. E apenas sentia e não falava, nem perguntava, nem pensava: conhecia… e sentia essa presença. Que necessitara tanto!
Um dom puro! E ele deveria saber: juntando os dedos e descrevendo um círculo e dentro do círculo formado tomando um ponto e do ponto retirando uma luz. E retornando a luz ao ponto dela espalhava outro ponto até a imagem formada.
E assim formava seu halo de energia rosa a transbordar desde seu coração.
Juca deu uma olhada para trás, mas não avistou a alguma distância dois personagens. Eram dois antigos acompanhantes que, com certo ar contrariado pareciam discutir. Na verdade, naquela praça, duas energias magnéticas que perceberam o que de diferente se passara com Juca.
Um deles, esbelto e polido, vestindo um terno cinza escuro, gravata e cravo na lapela. Um par de sapatos lustrosos, chapéu de tecido e um cigarrinho fino entre os dedos. Falava quase sem parar enquanto se deslocava rapidamente de um lado para o outro.
O outro, menos cuidado, sapatos sujos, jogado de lado, com um casaco grosso e calça apertada. Tinha um jeito feminino, às vezes violento. Mais quieto, combinava com o primeiro em tudo que dizia. Trazia um broche com detalhe vermelho na lapela do blusão.
– Eu te digo – disse o primeiro – Mais um que perdemos. Um jogo como este que sempre fizemos, iludindo, lapidando e aproveitando os bons momentos e agora não podemos fazer mais nada. Nem consigo me aproximar!
– Você nem consegue se aproximar? Eu também não. Que ingratidão! Depois de tudo que fizemos, entregar o comando assim, sem mais nem menos. Eu não aceito! – Disse o segundo.
Mas tinham que aceitar. A atuação magnética de ambos não mais podia gerar confusão, nem desentendimento, nem perturbação. A causa dos males que muitas vezes desnortearam Juca tinha completado sua missão de lapidação.
Chorosos, agora aguardavam também sua transformação natural.
– Nosso magnetismo envolvia as pessoas de uma tal forma que as pessoas ficavam completamente desreguladas com nossas transmissões, cometendo loucuras ou fazendo diabruras! – Disse o segundo.
– Mas as pessoas que estão se ligando na Energia Racional eliminam nossa ação. A gente não pode. Mas que era divertido era: uma hora você em ação, outra era eu, e ele como joguete. Uma hora calmo, outra violento, sofrendo as consequências do não saber o porquê vivia em cima desta Terra e dos mates que existem, sendo sujeito a ser vítima deles! –  disse o primeiro.
– E a gente também não sabia nada disso. O que tínhamos que fazer, fizemos. Nossa missão era a lapidação. E tome lapidação! – Disse o segundo, sentado numa pedra do jardim.
– Acabou nosso tempo de estrepolias. A não ser alguns que ainda estão por aí perdendo tempo. Temos ainda com quem nos divertirmos. Mas, quer saber?… – Disse o primeiro dando uma tragada em seu cigarrinho.
– O quê? – Perguntou o segundo.
– Também já me cansei de tanta sugestão, ilusão, confusão… está na hora de colaborar com a nova fase… – Disse o primeiro.
– Eu notei que hoje você nem o atrapalhou no caminho. Nem tentou uma briguinha em casa, uma discussãozinha… – Disse o segundo.
– E nem você atacou de mau humor. A gente tem que se modernizar. A nossa fase passou e vamos tentar ajudas na nova fase.  Por mais estranho que seja, vamos fazer o possível para retirar esta capa dos que estiverem se preparando. Os outros… – Ia dizendo o primeiro, quando o segundo completou:
– Que escolham o que querem… Ainda tenho um bom equipamento de lapidação pronto. Não gosto de deixar as coisas pela metade! Senão nós mesmos vamos permanecer mais que o suficiente por aqui!…
E assim conversando, o Elétrico e o Magnético foram andando e se afastando, preparados para completar suas missões!

6

O Mestre

Juca Não Sabia subiu até a varanda. Na cadeira branca de grande espaldar estava sentado um senhor alto de cor de bronze, terno de linho branco. Seu rosto sob a aba do chapéu branco. Calmo ele observa com paciência e responde a saudação de Juca compassivamente com um movimento leve da cabeça.
Juca se aproxima do Mestre, emocionado. Com grande sentimento de felicidade não encontra palavras para descrever o que sente. O Mestre acena para ele e diz pausadamente, com voz ao mesmo tempo forte e terna:
“- A vida tem perfume Racional para todos que estão juntos e unidos à verdade das verdades, ao saber dos saberes, enfim, tudo que se deve dizer sim e tudo o que se deve dizer não! ”
 Juca controla a emoção e declara:
– Oh! Salvador, quanto nos sentimos tristes quando não lhe vemos! Quanto ficamos desinquietos, desassossegados, quando não o ouvimos com o seu esplendor comentar sobre qualquer assunto, que eles nos enchem de glórias e porvir!
E o Mestre, na sua simplicidade e sabedoria esclareceu:
“- A Cultura do Verdadeiro Deus é em favor de todos, porque todos são filhos de Deus! Não é contra ninguém, nem contra nada! Por que é a Cultura de Deus e todos são filhos de Deus! E por isso todos tem o raciocínio, que é a razão da vida eterna. E por isso a Cultura do Verdadeiro Deus não é contra ninguém, é em favor de todos e de tudo, porque todos são filhos de Deus!
Mas muitos pensam que a Cultura Racional é contra aquilo que não deva ser. Porque tudo que existiu, feito pelo pensamento e a imaginação, foi necessário e preciso existir para lapidação da humanidade, porque o pensamento e a imaginação são duas máquinas de lapidação! E todos os feitos do pensamento e da imaginação, todos os feitos! Foram feitos para lapidação da humanidade. A ciência filosófica e científica foi feita para lapidação da humanidade. E tudo que o pensamento fez e tudo que a imaginação fez, porque essas duas máquinas são máquinas de lapidação.
Está aí o que toda a humanidade está precisando e necessitando, porque todos vivem desconhecidos de si mesmos e todos precisam e necessitam de passarem a se conhecer, que é o mais importante da vida!
Um cumprimento para a humanidade, um cumprimento Racional de paz, amor, fraternidade e concórdia pelo desenvolvimento do raciocínio.
A concórdia é a União de toda a humanidade. A discórdia a desunião de toda a humanidade.
E assim, a benção do Mundo Racional para todos os filhos do Verdadeiro Deus, que é um Raciocínio Superior a todos os raciocínios! ”

7

Apoteose Racional

Alguém Juca Não Sabia retornam o diálogo na praça. Juca Não Sabia reflete sobre tudo o que aprendeu naquele dia, tendo Alguém sentado ao seu lado. Sem se voltar para ele, Juca comenta e pergunta:
– Eu, que não sabia minha origem, meu destino, de onde vim e para onde vou, agora tenho em mãos o mapa, a planta e a bússola Racional! O mapa é a descrição de todo este mundo e sua formação. A planta é o ediogroma, a formação das linhas do ser humano e a bússola, o sentido Racional aprumado para o meu mundo verdadeiro! Mas de tudo que hoje aprendi, ainda falta uma lição. Quero saber quem é você!
Alguém se ergue e observa um grande desfile de milhares de pessoas de vestes brancas que se aproxima. Puxando a multidão uma elegante banda uniformizada de branco, com detalhes dourados e prateados, emite os acordes de uma composição Racional que ecoa em todas as dimensões.
Alguém se aproxima da multidão, não sem antes revelar sua verdadeira identidade:
“- EU SOU o habitante do mundo Racional que esteve materializado em forma de máquina do raciocínio! EU SOU o seu habitante que pela sua persistência, obediência e paciência você desmaterializou e que por enquanto se despede de você para que você complete sua missão aqui na Terra! Pois que alcançastes minha liberdade! Estou e sempre estive contigo te ajudando neste caminho! Em cada momento de dificuldade em que te pensavas desamparado, eu te ensinava em silêncio, para que suportásseis a dor da lapidação e não esmorecesse. Quando sorrias, festejava contigo! Quando choravas, te fazia enxergar cada necessária lição, até te encontrares contigo e com tua origem!
Por isso vêm festejar em glórias, festas e mais festas a Redenção Racional, a grande APOTEOSE RACIONAL! ”
Alguém caminha até a multidão que atravessa o GRANDE PÓRTICO DE LUZ que emerge do céu desde a nave brilhante. E Juca com ele!

Fim.

Nenhum comentário: