domingo, 5 de fevereiro de 2012

O TERCEIRO MILÊNIO FOI NECESSÁRIO PARA ALCANÇARMOS O PRIMEIRO


(Porfirio J. Neves)

No princípio tudo eram trevas e não havia nenhum entendimento da existência daquilo que, afinal, não existe mesmo, porque tudo é provisório e passageiro. Esta citação se aplica para cada indivíduo ou ser humano.

Você lembra do dia em que nasceu? Você consegue lembrar como foi sair do útero de sua mãe? Ninguém se lembra! - Pelo menos por enquanto! Nossas primeiras lembranças, que ficam em nossa mente pensante, começam apenas após alguns anos de vida.

Você pode até assistir em vídeo o seu nascimento na maternidade, já que muitos pais gostam de gravar o parto e outros momentos tenros da vida do bebê. Entretanto, você apenas poderá sentir que se lembra dos eventos acontecidos a partir de certa idade.

O que pretendo alegar com este tipo de afirmação? Bem, procure entender que estou falando do ser que se sente no íntimo, aquele algo ou alguma coisa que nos diz que somos seres vivos individualizados, que nos diz que somos seres diferenciados e diferentes uns dos outros.

O indivíduo é a manifestação deste ser! O indivíduo é o local onde estão gravadas as nossas lembranças e o indivíduo começa no nosso íntimo. Mas, este íntimo, somente o percebemos após alguns anos ou meses de vida.

Conforme avança a evolução, passamos a percebê-lo mais cedo, até que nas novas gerações, quem sabe, cada um possa se lembrar do dia em que nasceu sem precisar de uma filmadora. Quem sabe até, lembrar dos espasmos que causava na barriga da própria mãe.

Percebam bem: indivíduo e íntimo. O indivíduo ou individualidade é sempre a mesma, porém, o íntimo é a forma de entendermos este indivíduo. No íntimo se manifestam nossas lembranças, nossas emoções, nossos rancores, nossos amores, enfim, no íntimo está a primeira forma de nos entendermos como indivíduos ou como seres que somos, nesta vida provisória do indivíduo.

No íntimo está uma personalidade que é exclusiva de cada indivíduo, em uma dada transformação, ou reencarnação. O íntimo é, portanto a primeira forma de entendermos o ser. O íntimo se desenvolve no primeiro milênio com as relações internas de cada indivíduo.

Digo primeiro milênio por ser um curso de desenvolvimento milenar, pois foi através de milhares e milhares de anos que os indivíduos saíram da fase anterior à fase pré-histórica, em que os indivíduos entendiam apenas a existência de seu íntimo.

Podemos descrever assim o primeiro milênio: - um indivíduo usando apenas o íntimo e que não consegue se relacionar com ninguém; apenas fica criando imagens, criando tudo imaginário, porque vê os outros e vê o mundo e não sabe o que está vendo. Imagina apenas. E a Natureza vai desenvolvendo este íntimo com imagens que se criam a partir das imagens que se vê. E bota milhares de anos nisso.

No primeiro milênio do desenvolvimento, portanto, o indivíduo se resume em seu íntimo. A criança vê o mundo, porém somente ela existe no mundo – é a fase do “venha a nós”. No caso de uma criança o primeiro milênio seria a primeira infância.

A partir destas relações de ver imagens e buscar entender estas imagens criando novas imagens, no primeiro milênio, acontece um grande salto de entendimento, quando surge um pensamento no íntimo de cada indivíduo provocado pela própria Natureza: -“se eu tenho um íntimo e tenho uma imagem semelhante à imagem daquele que eu vejo na minha frente, aquele que eu vejo na minha frente também deve ter um íntimo, semelhante a mim”.

Naturalmente, a palavra “íntimo” traduz apenas a percepção de si mesmo. No princípio do desenvolvimento do pensamento, as palavras eram associadas com imagens. As imagens desenvolvidas no primeiro milênio foram sendo utilizadas para criar palavras quando começa o desenvolvimento do pensamento. Por isso os primeiros alfabetos foram feitos com hieróglifos.

Surge, desta forma o segundo milênio, milhares e milhares de anos em que os indivíduos começam a se relacionar entre si, após a percepção em si mesmo da existência de um íntimo.

No segundo milênio, os indivíduos despertam de seus íntimos para perceberem que os outros também têm um íntimo dentro de si e começam a se relacionar – o íntimo de cada um se relacionando com o mundo formado pelos demais íntimos.

O segundo milênio corresponde à segunda infância de uma criança em que ela aprende a se relacionar com outras crianças. É fase do desenvolvimento do pensamento que diz: “se eu tenho um íntimo, todos também têm um íntimo”.

Surge assim a fase das civilizações, em que civilizar significa fazer entender que a dor que o seu íntimo sente é a mesma dor que o íntimo do outro sente também.

Assim foram criadas as civilizações, ou formas de civilizar. Na verdade ninguém alcançou a civilização plena, porque ainda se discute a forma e modo de educar para civilizar.

Uma civilização plena não pode ter diferenças como estas que ainda percebemos no mundo com tantas guerras, tantos interesses comerciais aguerridos, interesses políticos destruidores, enfim, tudo isso que ainda perturba os indivíduos para um bom relacionamento do íntimo de cada um com o íntimo dos outros e buscar se ligar ao “Íntimo Verdadeiro Universal”.

Então, porque cada povo foi criando sua forma de civilizar de uma forma diferente? Certamente, todas as formas se tornaram diferentes por essas diferenças de gostos, dessas vaidades dos íntimos dos indivíduos e ambições materiais.

No primeiro milênio havia apenas o íntimo que cada indivíduo podia perceber em si mesmo. No segundo milênio o pensamento faz compreender que cada semelhante tem um íntimo também e que devíamos buscar a civilização ou civilidade entre os íntimos para podermos nos compreender.

Porém, o pensamento associado à imaginação supôs e articulou, antecipando um terceiro nível de relacionamento que seria a relação dos indivíduos com o “Íntimo do Criador Universal”, ou como hoje entendemos, com a Individualidade Verdadeira que originou todos os indivíduos.

O que aconteceu logo no início da fase do pensamento é que houve uma antecipação imaginária de um terceiro relacionamento entre os íntimos. E assim, cada povo, com seus gostos, suas vaidades foi criando este suposto e imaginário “terceiro relacionamento”, ou “terceiro milênio” sem primeiro ter alcançado o que era mais importante que era o de civilizar os íntimos de todos os indivíduos.

Nem precisamos ficar aqui nos delongando com exemplos das confusões criadas por causa desta antecipação, basta citar a existência do judaísmo, do islamismo, do cristianismo, do budismo, do hinduismo, do espiritismo, enfim, do ateísmo.

Cada povo com sua forma de civilizar os íntimos e já com a pretensão de se relacionar com o “Íntimo Supremo Universal” que cada um passou a supor a existência de Deus de formas diferentes e, por vezes, muito pouco civilizadas. Estão aí, ainda, algumas guerras religiosas.

Guerra não é civilidade nem civilização. Guerra é atraso e só existe porque alguns íntimos de indivíduos incertos ficaram muito atrasados no desenvolvimento da imaginação e do pensamento e não entenderam bem o que quer dizer civilização.

Civilizar, repito, é buscar um perfeito relacionamento entre os íntimos de cada indivíduo, com base na compreensão da existência das diferenças. Civilizar é o objetivo primordial do segundo milênio.

Se ninguém ainda sabia o porquê de sua própria existência, como podia saber da existência de quem nunca conheceu, nem nunca se ligou a ELE? Como poderia já querer se relacionar com quem nunca estabeleceu contato? Como podia querer se relacionar com Deus, com o íntimo de Deus se ainda não entendia o porquê de seu íntimo e do íntimo dos demais?

A grande comprovação de que ninguém nunca se relacionou com Deus é a grande confusão que ainda persiste no mundo. Todos dizem que Deus é um só, porém cada povo quer que o seu Deus seja o mais verdadeiro.

Tudo isto, pelo que sabemos, começou com Abraão, na época em que as civilizações estavam muito atrasadas. Como poderiam compreender que existia uma Força Extra Cósmica Universal, invisível, quando ainda somente o pensamento e a imaginação estavam atuando de forma precária?

Daí se espalhou pelo mundo do segundo milênio a ambição de todos alcançarem o Terceiro Milênio, ou seja, a relação direta do intimo de cada um com o íntimo de Deus. Mas, ficou tudo no suposto e no imaginário e nas idolatrias. Cada povo foi criando seus símbolos para fazer enxergar ao seu modo de ver esta Força Suprema Universal. Mas, ninguém nunca conseguiu no segundo milênio.

Assim como uma criança só atinge a maioridade após a terceira infância, a humanidade precisava viver sua terceira infância para compreender, conhecer e se ligar ao Terceiro Milênio Universal.

E este terceiro modo de relacionamento entre os íntimos dos infantes só podia acontecer quando a Natureza do Íntimo Superior Universal concedesse tal conhecimento aos indivíduos e ao mundo dos indivíduos de sua existência, não pela intimação, nem pela civilização e sim pela racionalização.

Então, Racionalização é o terceiro milênio da infância da humanidade.

Racionalização é conhecer o Mundo de nossa verdadeira raça e saber como voltar para Ele, pelo desenvolvimento do Raciocínio. E a Cultura do Terceiro Milênio é a Cultura Racional, a Cultura da Racionalização dos povos, como já tinha sido anunciada, desde os tempos de Abraão.

Agora sim, a humanidade vai entrar na fase de sua plena maturidade, após esta terceira infância, ou Terceiro Milênio do mundo encantado, e passar a conhecer o Primeiro Mundo, o Mundo Racional pela forma do Desencanto Universal.

Assim, na forma do Desencanto, de cima para baixo, o primeiro Milênio é o Mundo Racional, o Segundo Milênio é o Astral Superior e o Terceiro Milênio é o Astral Inferior e, por isso, todos tínhamos que chegar ao terceiro milênio do desenvolvimento dos íntimos para conhecermos o primeiro Milênio da existência do Mundo onde vive a Verdadeira Individualidade, os indivíduos puros limpos e perfeitos.

Mas, primeiro precisa compreender, para depois conhecer e enfim se ligar, para depois se desmaterializar. Precisa compreender o que é civilizar, para conhecer o que é Racionalizar e enfim todos se ligarem no Primeiro Mundo, o Mundo Racional, desmaterializando a Energia que estava materializada em forma de máquina do Raciocínio.

Para compreender, conhecer e se ligar no Primeiro Milênio, aí está a Cultura do Terceiro Milênio, a Cultura Racional para o desenvolvimento do íntimo Racional que cada um tem em si mesmo, que é o raciocínio autêntico original, a verdadeira e única personalidade do ser, ou indivíduo que quer ser chamado de ser humano.

Tudo começou com uma cabala de três milênios para poder encontrar o primeiro, pelo desenvolvimento do Raciocínio, passando, então, a criar os três milênios verdadeiros no íntimo de cada um. E assim surgem em nosso íntimo as sete partes do por que assim somos: três – um – três. Salve tudo e salve todos, Racional.

Um comentário:

Arruda disse...

Cara Nágea,
Tenho um testemunho interessante que gostaria de compartilhar.
Há mais ou menos uns 25 anos, estava em São Paulo, na capital, e fui até à Rua Costa, 55, na Consolação, no antigo Dentel, para pegar minha licença de radioamador. Na esquina, na Rua Augusta, havia um local que me chamou atenção pela pintura nas paredes e vi escrito "Universo em desencanto". Curioso (como sempre fui), entrei e ganhei o livro. Tenho-o até hoje aqui em casa, já o li algumas vezes, mas confesso que não consegui assimilar direito os conceitos ali expostos.
Voltarei a estudá-lo com certeza.
Agradeço as orientações.
Abraço grande e votos de PAZ PROFUNDA